Desde os primeiros capítulos de Gênesis, há um forte indício de que a humanidade esperava por um Salvador. Após a queda, Deus fez uma promessa a Eva:
“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.” (Gênesis 3:15)
Esse versículo é visto como a primeira profecia messiânica, indicando que um descendente da mulher esmagaria Satanás. Diante disso, surge a questão: Eva acreditava que seu primogênito seria esse Salvador?
Quando Caim nasceu, Eva declarou:
“Adquiri um varão com o auxílio do Senhor.” (Gênesis 4:1)
No original hebraico, o texto levanta uma possibilidade intrigante. Algumas traduções sugerem que Eva poderia estar dizendo:
“Adquiri um varão, o Senhor.”
Isso significaria que ela enxergava Caim como o próprio Deus encarnado, ou ao menos como o Messias prometido. Essa interpretação é debatida entre estudiosos. Alguns argumentam que Eva via Caim como um cumprimento imediato da promessa de Deus, enquanto outros afirmam que a frase apenas reconhece o auxílio divino no nascimento.
Independentemente da leitura exata, esse versículo mostra que a expectativa pelo Messias já existia desde os primórdios da humanidade.
A invocação do nome do Senhor
Mais adiante, Gênesis 4:26 menciona que, após o nascimento de Enos, filho de Sete, “os homens começaram a invocar o nome do Senhor”. O verbo hebraico “leqro” (לִקְרוֹא) significa tanto invocar quanto proclamar. Isso indica que, nesse período, houve um fortalecimento da fé e um reconhecimento mais amplo de Deus.
Dessa forma, há uma progressão clara: primeiro, Eva menciona o nome do Senhor no nascimento de Caim; depois, gerações mais tarde, as pessoas passam a invocar e proclamar coletivamente o nome de Deus.
O arrependimento de Deus em Gênesis 6:6
Um dos versículos mais intrigantes da Bíblia aparece em Gênesis 6:6:
“Então o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem sobre a terra, e isso lhe pesou no coração.”
A palavra hebraica usada aqui para “arrependeu-se” é “nacham” (נָחַם), que carrega um significado mais amplo do que o simples conceito humano de arrependimento.
Diferente do verbo “shuv” (שׁוּב), que significa “mudar de direção” (como um pecador que se arrepende e volta atrás), “nacham” expressa um pesar profundo, um suspiro de tristeza diante de algo que não deveria estar acontecendo.
É importante entender que esse arrependimento de Deus não significa erro ou mudança de planos. Em outras passagens bíblicas, como Números 23:19 e 1 Samuel 15:29, a Escritura afirma que Deus não se arrepende como os humanos.
O que Gênesis 6:6 descreve é a dor de Deus ao ver a humanidade corrompida pelo pecado. Assim como um pai se entristece ao ver um filho tomando decisões destrutivas, Deus expressa um pesar sincero ao testemunhar a degradação da criação.
Continue estudando
A narrativa de Gênesis revela um desenvolvimento claro da fé e da expectativa messiânica. Desde Eva, que pode ter visto em Caim o cumprimento da promessa, até a invocação do nome do Senhor na época de Enos, a busca pela redenção estava presente desde o início.
O arrependimento de Deus, por sua vez, não indica erro, mas sim um pesar profundo pelo pecado humano. Ele demonstra que Deus não é indiferente às escolhas da humanidade e deseja restaurar Sua criação.
Essas reflexões nos convidam a considerar nossa própria relação com Deus. Será que nossas ações trazem alegria ao Senhor, ou causam pesar? Que possamos viver de forma a honrar Aquele que nos criou e deseja nosso bem.
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