O nome Barrabás vem do aramaico: “Bar” significa filho, e “Abba” quer dizer pai. Ou seja, ele era literalmente o “filho do pai” — uma coincidência curiosa, já que Jesus é chamado nas Escrituras de o verdadeiro Filho do Pai. Barrabás aparece como um personagem central no momento final do julgamento de Jesus, quando Pilatos oferece ao povo a chance de libertar um prisioneiro. Para surpresa de muitos, a multidão pede a liberdade de Barrabás, e não de Jesus.
Segundo os evangelhos, Barrabás era mais do que um simples criminoso. Marcos 15:7 o descreve como alguém envolvido em uma revolta, durante a qual cometeu homicídio. Lucas 23:19 confirma isso e João 18:40 acrescenta que ele também era assaltante. É possível que ele tenha sido um zelote — membro de um grupo judeu que buscava a libertação do domínio romano por meio da violência. Se esse for o caso, ele talvez tivesse apoio popular entre os judeus mais nacionalistas.
A tentativa de Pilatos
Durante a Páscoa, era tradição romana libertar um prisioneiro escolhido pelo povo. Pilatos, vendo que Jesus era inocente, tentou usar essa tradição para livrá-lo. Sua estratégia foi clara: colocar diante do povo duas figuras opostas — Jesus, um homem justo e pacífico, e Barrabás, um rebelde envolvido em crimes. A escolha parecia óbvia, mas não foi o que aconteceu.
De acordo com Marcos 15:11, os principais sacerdotes influenciaram a multidão a pedir por Barrabás. A escolha, portanto, não refletia a vontade geral da população, mas sim o resultado de uma manipulação dos líderes religiosos, que viam Jesus como uma ameaça à sua autoridade e ao sistema estabelecido.
Pressão política e chantagem religiosa
João 19:12 mostra que Pilatos também foi pressionado politicamente. Os líderes religiosos sugeriram que, ao libertar Jesus — que se apresentava como rei — ele estaria se opondo a César. Em outras palavras, libertar Jesus poderia ser interpretado como traição ao imperador. Diante dessa ameaça, Pilatos cedeu, lavou as mãos publicamente e entregou Jesus para ser crucificado.
O que parece uma escolha absurda — libertar um criminoso em vez de um inocente — na verdade revela a tensão política e religiosa daquele momento. Os líderes não queriam apenas eliminar Jesus; queriam fazer isso de forma pública e exemplar, manipulando o processo de forma a parecer legítimo.
Um ato de substituição
A libertação de Barrabás também possui um forte simbolismo teológico. O inocente foi condenado para que o culpado fosse solto. Isso reflete exatamente o propósito da cruz: Jesus morreu em nosso lugar. Barrabás, com todos os seus crimes, representa cada um de nós. Ele foi liberto porque Jesus tomou o lugar dele. Esse é o coração do evangelho — a substituição.
Mesmo não sendo uma escolha justa, a decisão da multidão cumpriu um plano maior. A cruz não foi um acidente. Foi o meio pelo qual Deus ofereceu redenção à humanidade. O episódio de Barrabás nos lembra disso: Jesus morreu para que os culpados pudessem viver.
A curiosidade sobre o nome “Jesus Barrabás”
Existe ainda uma curiosidade textual que intriga estudiosos. Alguns manuscritos antigos de Mateus 27:16 trazem a variante “Jesus Barrabás” — indicando que Pilatos teria perguntado ao povo: “Qual Jesus vocês querem que eu solte? Jesus chamado Barrabás ou Jesus chamado Cristo?”. Essa versão aparece em poucos manuscritos, como os códices Θ (Theta) e C, mas a maioria dos manuscritos e cópias antigas mantêm apenas o nome “Barrabás”.
Orígenes, um dos primeiros pensadores cristãos, rejeitou fortemente essa leitura, alegando que o nome “Jesus” não poderia estar associado a alguém mau. Embora sua justificativa seja mais teológica do que histórica, a maioria das cópias posteriores seguiu esse entendimento. Ainda assim, é possível que essa variante tenha surgido por erro de copistas ou por algum costume da época de duplicar nomes comuns.
Um espelho para nossas escolhas
A história de Barrabás continua atual porque nos convida à autorreflexão. Quantas vezes, em nossas vidas, optamos por caminhos mais fáceis, mesmo que injustos, em vez de seguir a verdade? Quantas vezes repetimos a escolha da multidão, ignorando o bem maior por conveniência, medo ou pressão?
Barrabás representa aquele que merecia a punição, mas foi liberto pela graça. Isso faz dele um espelho. Porque no fim das contas, todos nós, de alguma forma, somos Barrabás — libertos pelo sacrifício de alguém que tomou o nosso lugar.
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