A amizade de Davi e Jônatas

Por <b>Rodrigo Silva</b>

Por Rodrigo Silva

Arqueólogo

Entre as muitas histórias da Bíblia, a amizade entre Davi e Jônatas destaca-se por seu profundo impacto emocional e moral. Eles não eram apenas amigos; eles eram, como as escrituras mencionam, amigos mais chegados que irmãos. 

 

Esta história, descrita nos livros de Samuel, oferece não só um vislumbre das dinâmicas de poder da antiga Israel, mas também um exemplo intemporal de altruísmo e fidelidade.

Davi e Jônatas

Contexto histórico

 

Jônatas era filho de Saul, o primeiro rei de Israel, que foi ungido pelo profeta Samuel. Apesar de ser o herdeiro legítimo do trono, Jônatas se destacou por seu caráter nobre e reconhecimento da vontade divina. Ele percebeu e aceitou que não seria ele, mas Davi, um humilde pastor e valente guerreiro, quem Deus escolhera para liderar Israel após Saul.

 

O início da amizade

 

A amizade dos dois começou após Davi derrotar o gigante Golias, conforme narrado em 1 Samuel 18. Impressionado com a coragem e humildade de Davi, Jônatas sentiu uma conexão imediata com ele. 

 

1 Samuel 18:1 relata que “a alma de Jônatas se ligou à alma de Davi, e Jônatas o amou como à sua própria alma.” Este versículo não apenas destaca a profundidade de seus sentimentos, mas também estabelece o tom para a lealdade inabalável que Jônatas demonstraria ao longo de sua vida.

 

Provas de lealdade

 

A relação entre os amigos foi severamente testada pelo ciúme e pela crescente paranoia de Saul. Conforme Saul se tornava mais resoluto em matar Davi, Jônatas interveio repetidamente. 

 

Em 1 Samuel 19, Jônatas advogou fervorosamente por Davi, arriscando sua própria segurança ao confrontar seu pai. Ele tentou convencer Saul da injustiça de suas intenções, destacando a lealdade de Davi para com o reino e o próprio Saul.

 

O pacto e a despedida

Em meio às crescentes tensões, Davi e Jônatas selaram um pacto perante o Senhor. Jônatas, reconhecendo a unção divina sobre Davi, prometeu-lhe lealdade e, em troca, Davi comprometeu-se a mostrar bondade à sua descendência. 

 

Este momento, descrito em 1 Samuel 20:42, onde eles se despedem talvez pela última vez, é marcado por uma emoção profunda, refletindo a seriedade e a sagrada natureza de sua promessa mútua.

 

A lembrança de Davi

 

A história toma um rumo trágico com a morte de Jônatas na batalha de Gilboa. A notícia da morte de Jônatas, como relatado em 2 Samuel 1, atingiu Davi profundamente, levando-o a lamentar por seu amigo com as palavras: “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito amável me eras…”

 

Esta lamentação não é apenas um tributo à pessoa de Jônatas, mas um reconhecimento da profundidade e da pureza de sua amizade.

 

O cuidado com Mefibosete

 

Honrando o pacto feito com Jônatas, Davi procurou por descendentes de seu amigo para mostrar-lhes bondade. Mefibosete, filho de Jônatas, que era deficiente dos pés, foi trazido à presença de Davi. 

 

Em um gesto de incomparável generosidade e cumprimento de sua palavra, Davi devolveu todas as terras de Saul a Mefibosete e o acolheu à sua mesa como um de seus próprios filhos, conforme relatado em 2 Samuel 9.

 

A amizade de Davi e Jônatas é uma das mais belas relatadas na Bíblia e é um grande exemplo para nós hoje.

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Uma resposta

  1. A história entre os dois é mesmo inspiradora da força de uma amizade. A confiança e proteção que ambos exerceram entre si os fortaleceu na caminhada e gerou frutos de bondade com descendentes.

    Provérbios 17 [ACF]: 9 – Aquele que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que revolve o assunto separa os maiores amigos. Este texto fala também da amizade e creio que o perdão esteja relacionado a tudo isso. 70 vezes 7, perfeita demonstração de bondade.

    Nós podemos falhar muitas vezes, mas não podemos guardar mágoas e ressentimentos que corroem a alma, mas sim perdoar e com compreensão ir cultivando as amizades verdadeiras, sejam pais e filhos, ou mesmo simplesmente amigos sem serem de sangue.

    Amém!

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