Amenhotep II: o faraó do Êxodo?

Por <b>Rodrigo Silva</b>

Por Rodrigo Silva

Arqueólogo

A identidade do faraó do Êxodo é um dos maiores enigmas da história e da arqueologia bíblica. Muitos estudiosos tentaram identificar qual governante egípcio enfrentou Moisés e viu seu império ser atingido pelas dez pragas. Uma das hipóteses mais debatidas sugere que Amenhotep II poderia ser esse faraó.

 

Mas será que essa teoria se sustenta? O que a cronologia egípcia e os registros históricos nos dizem sobre ele? E por que a Bíblia nunca menciona o nome do faraó do Êxodo? Neste artigo, vamos explorar as evidências e analisar as possibilidades.

Amenhotep II
Imagem: World History Encyclopedia by Mark Cartwright

Quem foi Amenhotep II?

Amenhotep II foi um faraó da 18ª dinastia do Egito, filho de Tutmés III. De acordo com a cronologia egípcia tradicional, ele governou entre 1450 a.C. e 1417 a.C., período que, para alguns estudiosos, coincide com a época do Êxodo bíblico (cerca de 1447 a.C.).

 

Ele é descrito como um rei forte e guerreiro, que conduziu várias campanhas militares na Ásia. Entretanto, há elementos curiosos em seu reinado que levantam questionamentos sobre o que realmente aconteceu durante seu governo.

 

O mistério da morte do faraó no Êxodo

 

A Bíblia relata que o faraó perseguiu os israelitas até o Mar Vermelho, onde foi tragado pelas águas junto com seu exército (Êxodo 14:28). No entanto, o relato bíblico não especifica claramente se o próprio faraó morreu no evento.

 

Já o Salmo 136:15 parece sugerir que sim, ao dizer:

 

“Mas derrubou o faraó e o seu exército no Mar Vermelho, porque a sua misericórdia dura para sempre.”

 

Se Amenhotep II fosse esse faraó, seria de se esperar que sua morte estivesse registrada nos anais egípcios. Contudo, as cronologias egípcias modernas apresentam desafios para essa identificação direta.

 

Encobrimento da morte de um faraó?

 

O falecido erudito William Shea argumentou que os registros egípcios poderiam ter sido manipulados para esconder a morte trágica de um faraó no Mar Vermelho.

 

A razão? A teologia egípcia via o faraó como um deus vivo. A ideia de um “deus” morrendo enquanto perseguia escravos fugitivos seria uma humilhação inaceitável. Assim, o governo poderia ter ocultado a morte do verdadeiro Amenhotep II, substituindo-o por outro rei com o mesmo nome.

 

Evidências dessa teoria:

 

  • Estelas duplas sobre campanhas militares
    Duas inscrições de campanhas militares de Amenhotep II apresentam uma mesma expedição como sendo sua “primeira campanha de vitória”. Isso é estranho, pois um rei normalmente só tem uma “primeira campanha”. Shea sugere que a segunda inscrição refere-se a um novo faraó que assumiu o trono com o mesmo nome.

  • O recrutamento massivo de escravos
    Amenhotep II teria capturado 90 mil escravos em uma de suas campanhas militares. Isso poderia indicar uma tentativa de repor a enorme perda de trabalhadores após o Êxodo dos israelitas.

  • A Estela dos Sonhos de Tutmés IV
    Tutmés IV, filho e sucessor de Amenhotep II, não era o primogênito. A estela sugere que ele não estava originalmente na linha de sucessão e que algo ocorreu para que assumisse o trono. Isso levanta a possibilidade de que o primogênito tenha morrido – talvez durante a décima praga do Egito.

Dificuldades na identificação do faraó do Êxodo

 

Apesar das evidências intrigantes, há desafios na teoria de que Amenhotep II tenha sido o faraó do Êxodo:

 

Divergências na cronologia egípcia
Existem três sistemas principais de datação egípcia (alta, média e baixa cronologia), que variam até 25 anos. Nenhum deles coloca a morte de um faraó exatamente em 1447 a.C.

 

O silêncio da Bíblia sobre nomes de faraós
O Pentateuco nunca menciona o nome do faraó do Êxodo. Isso pode indicar que o foco do texto bíblico não está na identidade do rei, mas no padrão de comportamento dos faraós – ou seja, sua arrogância diante de Deus e sua opressão contra o povo de Israel.

 

Outras possibilidades
Alguns estudiosos sugerem que o faraó do Êxodo poderia ter sido Tutmés III (pai de Amenhotep II) ou até um faraó ainda desconhecido. A falta de registros concretos impede uma identificação definitiva.

 

O significado teológico do Êxodo

 

Seja Amenhotep II ou outro faraó, o importante é o que o relato do Êxodo nos ensina:

 

O poder de Deus sobre os reis da terra – Nenhum faraó pôde impedir a libertação de Israel.
O chamado ao arrependimento – O faraó teve várias oportunidades de mudar, mas endureceu seu coração.
O juízo sobre aqueles que resistem a Deus – Assim como o faraó do Êxodo foi derrotado, todo poder que se opõe a Deus será julgado.

 

Quem foi o Faraó do Êxodo?

 

A identidade do faraó do Êxodo segue sendo um mistério. As evidências sobre Amenhotep II são fascinantes, mas não definitivas. Ainda assim, o mais importante não é quem ele foi, mas sim o que o evento significa: a libertação do povo de Deus e o cumprimento de Sua promessa.

 

Quer continuar estudando sobre o Egito Antigo? Adquira o livro “A Bíblia e o Egito”. Clique aqui e saiba mais.

Aprenda mais sobre a Bíblia

Por aqui, não há limites para se aprofundar nas Escrituras Sagradas. Inscreva-se abaixo para receber conteúdos sobre a Bíblia, a Arqueologia e muito mais.

8 respostas

  1. Bom dia , fico agradecida a Deus pela vida do Pastor e de todos auxiliares e tão esclarecedor o texto que meu coração se alegre ! Deus abençoe vcs

    1. Muito ótima essa explicação.
      Um faraó que morre nas mãos dos escravos não pode ter um livro escrito, pois são vistos como vitoriosos.
      E creio que junto com os soldados ele TBM morreu, sendo 1 faraó ele tinha de dar exemplo aos soldados ele tinha de ir avante… E foram todos tragados.

  2. Que Deus Jeová em nome de Jesus continue a abencoa-los com teu Espírito Santo, com discernimento e conhecimento, só gratidão a Deus e todos amém

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

+ CONTEÚDO
estela
Arqueologia Bíblica
Equipe Rodrigo Silva
A Estela de Mesa (ou Pedra Moabita)

Hoje, quero convidar você para conhecer a incrível história da Estela de Mesa, também chamada de Pedra Moabita, um dos artefatos mais fascinantes da arqueologia

Ler mais »
Devocional
Equipe Rodrigo Silva
Jesus é o Messias verdadeiro?

O relato de Gênesis sobre a queda do homem marca um ponto crucial na história da humanidade. Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus ao

Ler mais »
oração de ana
Devocional
Equipe Rodrigo Silva
A oração de Ana

A história de Ana é uma das mais emocionantes da Bíblia. Marcada por desafios, fé e perseverança, ela nos ensina a confiar em Deus mesmo

Ler mais »