As Muralhas de Jericó

Por <b>Rodrigo Silva</b>

Por Rodrigo Silva

Arqueólogo

Você já ouviu falar sobre as lendárias Muralhas de Jericó? Esse sítio arqueológico, envolto em mistério e debate, serve como um fascinante ponto de encontro entre a fé bíblica e a investigação científica. Neste post, vamos embarcar numa jornada através do tempo para desvendar a verdade por trás das muralhas que caíram ao som de trombetas. Preparado para uma aventura histórica? Então, vamos lá!

muralhas de jericó
Você pode ler a história das muralhas de Jericó a partir de Josué capítulo 6 | Imagem: Bing Create

Desvendando as muralhas de Jericó

 

Jericó não é apenas uma cidade mencionada na Bíblia; é um portal para o passado, um lugar onde mito e realidade se entrelaçam de maneira fascinante. Durante muito tempo, a verdade sobre essas muralhas esteve enterrada sob camadas de terra e especulação. Foi apenas no século XIX que a curiosidade científica começou a desenterrar suas histórias.

 

A primeira redescoberta

 

No século XIX, Edward Robinson olhou para o tell (monte artificial formado por camadas de ocupação humana) que escondia Jericó e viu pouco mais do que uma colina de lixo. Ah, como ele estava enganado! Demorou sete décadas até que uma equipe austro-alemã colocasse Jericó firmemente no mapa arqueológico, identificando o local como as ruínas da cidade bíblica.

 

John Garstang e a conexão bíblica

 

Em 1936, o arqueólogo britânico John Garstang cavou mais fundo e trouxe à luz uma conexão direta com a Bíblia. Através de um meticuloso trabalho de datação, ele sugeriu que a queda de Jericó aconteceu por volta de 1400 a.C., alinhando-se surpreendentemente com a cronologia bíblica. As camadas da cidade revelaram uma história de destruição – muros derrubados por um terremoto e incêndios devastadores.

 

Debate e discordância

 

No entanto, a arqueologia raramente é simples ou unânime. A complicada estratigrafia de Jericó, com suas 18 camadas sobrepostas, tornou a interpretação um desafio. Após a Segunda Guerra Mundial, Kathleen Kenyon trouxe uma nova perspectiva, questionando a conexão bíblica e sugerindo que Jericó foi abandonada 150 anos antes da chegada de Josué. Essa conclusão abalou a comunidade, reacendendo debates sobre a precisão histórica da Bíblia.

 

A reviravolta de Bryant Wood

 

Mas a história não termina aí. Bryant Wood, revisando as notas de Kenyon, contestou suas conclusões. Ele argumentou que Jericó foi destruída aproximadamente em 1400 a.C., realinhando a narrativa com a Bíblia. Wood destacou a presença de artefatos e túmulos que datam da época bíblica, reforçando a ideia de que Jericó era uma cidade fortificada e habitada durante o período em questão.

 

Disputa política

 

A localização de Jericó em território palestino adiciona uma camada de complexidade à discussão. A narrativa sobre quem conquistou Jericó tem implicações modernas, influenciando as tensões na região. Contudo, a busca pela verdade não deve ser ofuscada por questões políticas. A história de Jericó, com suas camadas de ocupação, destruição e reconstrução, oferece uma janela para o passado complexo e multifacetado da região.

 

O legado das muralhas

 

As muralhas de Jericó não são apenas pedras antigas; elas representam o ponto de encontro entre fé, história e ciência. Independentemente de terem caído ao som de trombetas ou por um terremoto, as evidências sugerem que Jericó foi uma cidade de grande importância, tanto estratégica quanto culturalmente. A presença de sacas de cereais entre os destroços indica que a destruição ocorreu logo após a colheita, alinhando-se com a narrativa bíblica de um ataque estrategicamente planejado.

 

Arqueologia Bíblica

 

Ao fim, o que sabemos sobre as Muralhas de Jericó? Elas servem como um lembrete da nossa busca constante por compreender o passado. Cada camada de terra removida, cada artefato descoberto, nos aproxima um pouco mais da verdade, mesmo que essa verdade seja mais complicada do que uma história de conquista. Jericó nos ensina a olhar além das narrativas simples, a questionar e a explorar, pois é nesse processo de descoberta que encontramos as histórias mais fascinantes.

 

As escavações em Jericó continuam a inspirar arqueólogos, historiadores e buscadores da verdade em todo o mundo. A história dessas muralhas é um testamento à complexidade da história humana e à nossa determinação incansável de desvendá-la.

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