Por que eu sou cristão?

Por <b>Rodrigo Silva</b>

Por Rodrigo Silva

Arqueólogo

A sede pelo transcendente

 

No Salmo 42, encontramos uma metáfora poderosa: “Como a corça anseia por águas correntes, assim a minha alma anseia por Ti, ó Deus”. Para quem conhece a realidade do deserto no Oriente Médio, isso faz todo o sentido. Assim como os animais no deserto buscam desesperadamente por água, nós também buscamos por algo que preencha nosso vazio existencial. Queremos encontrar Deus.

 

Essa busca é instintiva e universal, e é aqui que entra a singularidade do cristianismo. Enquanto outras religiões também falam sobre um ser superior, só o cristianismo nos apresenta um Deus que não apenas preenche esse vazio, mas que também deseja se relacionar intimamente com o ser humano.

 

 A necessidade de relacionamento com Deus

 

A carência humana por um ser superior é algo que até mesmo pensadores ateus, como Sigmund Freud, admitiram. Freud reconhecia que o desejo humano de transcendência estava profundamente enraizado. Da mesma forma, o psicanalista Viktor Frankl, um sobrevivente do Holocausto, escreveu extensivamente sobre a carência de sentido e propósito na vida. Ele afirmava que a busca por Deus é, na verdade, a busca por sentido, e que o vazio existencial humano só pode ser preenchido por algo divino.

 

Mesmo nas situações cotidianas, como quando estamos sozinhos e refletimos sobre a vida, sentimos essa necessidade de um “outro”. Essa sede pelo transcendente, essa necessidade de algo maior, é a base sobre a qual o cristianismo se ergue.

 

 Um Deus transcendente e imanente

 

Agora, voltemos ao ponto central: por que o cristianismo apresenta Deus de uma forma singular? O cristianismo é a única fé que ensina que Deus é ao mesmo tempo transcendente (acima de toda a criação) e imanente (próximo de nós, acessível). Essa é uma ideia paradoxal, mas profundamente verdadeira para aqueles que conhecem a Bíblia.

 

 Outras religiões vs. cristianismo

 

Outras religiões podem até apresentar um Deus ou deuses poderosos, mas sempre há algo que falta. O Islã, por exemplo, apresenta Alá como um Deus extremamente transcendente, mas distante. Já as religiões politeístas oferecem deuses que são próximos demais, praticamente humanos, com falhas e limitações que não inspiram confiança.

 

Por outro lado, o cristianismo apresenta um Deus que é eterno, perfeito, e ao mesmo tempo, íntimo. Esse Deus se fez carne, habitou entre nós e experimentou as dores e alegrias humanas. Essa é a diferença central: no cristianismo, Deus não é apenas um ser inalcançável. Ele é um Pai amoroso, que se importa e se envolve pessoalmente com Sua criação.

 

 O verbo que se fez carne

 

Em João 1:1, lemos: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” E um pouco mais adiante, no versículo 14: “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós.” Isso é o que torna o cristianismo singular. Deus, o criador do universo, se fez homem em Jesus Cristo, caminhou entre nós, sentiu nossas dores e ofereceu redenção.

 

Enquanto outras religiões falam de deuses distantes ou muitos deuses imperfeitos, o cristianismo nos oferece um Deus que se abaixa até nós, que se torna tangível, um Deus com rosto. Jesus Cristo é a expressão perfeita dessa dualidade: completamente Deus e completamente homem.

 

 A prova da transcendência humana

 

A própria busca pelo sentido da vida é uma prova de que estamos sempre à procura de algo maior, de um propósito eterno. Se Deus não fosse real, por que esse desejo de transcendência estaria em todos nós, em todas as culturas, ao longo de toda a história?

 

Em Eclesiastes 3:11, lemos que Deus “pôs no coração do homem o anseio pela eternidade”. Esse anseio por algo que está além da nossa realidade é a prova de que Deus plantou em nós a necessidade de buscá-Lo. E é só no cristianismo que encontramos um Deus que se adapta perfeitamente a essa busca.

 

 O vazio que só Deus pode preencher

 

Como seres humanos, muitas vezes tentamos preencher esse vazio com coisas materiais, como dinheiro, fama ou prazeres momentâneos. Mas essas coisas nunca são suficientes. Não importa o quanto possamos acumular, sempre há um vazio interior, um espaço que só Deus pode preencher.

 

O filósofo Arthur Schopenhauer dizia que “a vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir”. Muitas pessoas passam suas vidas buscando coisas que não trazem satisfação duradoura. Mas quando encontramos o Deus cristão – um Deus que é eterno, que se relaciona conosco e nos ama – esse vazio finalmente é preenchido.

 

Deus, o verdadeiro caminho

 

Portanto, a singularidade do cristianismo está na forma como ele apresenta Deus: um ser que é ao mesmo tempo transcendente e imanente, eterno e próximo. Ele é o único capaz de preencher o vazio que todos nós sentimos em algum momento da vida. E é por isso que o cristianismo continua a transformar vidas ao longo da história.

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