Visitas e cartas de Paulo a Corinto

Por <b>Rodrigo Silva</b>

Por Rodrigo Silva

Arqueólogo

Rastrear a cronologia das visitas de Paulo e das cartas enviadas à igreja de Corinto pode ser um desafio, mas é possível delinear uma sequência razoável dos eventos a partir dos relatos bíblicos. A jornada de Paulo com os coríntios foi marcada por visitas cheias de ensinamentos e cartas carregadas de exortações. Vamos explorar essa trajetória e entender a importância dessas interações.

corinto

Primeira Visita: fundando a Igreja em Corinto (50-52 d.C.)

 

A primeira visita de Paulo a Corinto ocorreu durante sua segunda viagem missionária. Ele chegou à cidade por volta de 50 d.C. e permaneceu lá por quase dois anos, pregando e estabelecendo uma igreja local. Durante esse período, Paulo se hospedou com Áquila e Priscila, um casal de judeus que havia sido expulso de Roma devido ao decreto do imperador Cláudio em 49 d.C. (Atos 18:1-18). Foi em Corinto que Paulo enfrentou o procônsul Lúcio Júnio Gálio, em 51 d.C., em um julgamento que terminou favoravelmente para ele.

 

Após essa estadia em Corinto, em 52 d.C., Paulo partiu em companhia de Priscila e Áquila, mudando a base de seu ministério para Éfeso, onde ele trabalhou por cerca de três anos (Atos 18:18-19:41). Nesse meio tempo, Apolo, um eloquente pregador e discípulo de Paulo, visitou Corinto para fortalecer a igreja em sua ausência.

 

 As primeiras cartas 

 

Paulo escreveu uma primeira carta à igreja em Corinto, que atualmente está perdida, mas sabemos que essa carta incluía uma advertência contra o associar-se com pessoas imorais (1 Coríntios 5:9-11). Para acompanhar essa instrução, Paulo enviou Timóteo e Erasto a Corinto, esperando que pudessem ajudar a resolver questões emergentes (Atos 19:22; 1 Coríntios 4:17; 16:10). 

 

Notícias chegaram a Paulo através da casa de Cloe, informando sobre divisões dentro da igreja (1 Coríntios 1:11). Além disso, alguns membros da congregação, como Estéfanas, Fortunato e Acaico, trouxeram perguntas específicas para Paulo (1 Coríntios 16:17).

 

De Éfeso, entre 55 e 56 d.C., Paulo escreveu a segunda carta, conhecida como 1 Coríntios. Nela, ele abordou vários problemas na igreja, incluindo a coleta de dinheiro para os cristãos necessitados em Jerusalém (1 Coríntios 16:1-3). Durante esse tempo, Áquila e Priscila permaneceram em Éfeso, enquanto Tito e Timóteo retornaram de Corinto para atualizar Paulo sobre a situação (2 Coríntios 1:1; 12:18).

 

Segunda Visita (56 d.C.)

 

Paulo fez uma segunda visita a Corinto, descrita por ele como uma visita cheia de tristeza (2 Coríntios 2:1). Este período foi particularmente difícil para a igreja e para Paulo, pois ele enfrentava resistências e conflitos internos. Logo após essa visita, Paulo escreveu uma carta com “muitas lágrimas”, pedindo à congregação que corrigisse seu comportamento (2 Coríntios 2:3-9; 7:6-15; 8:6). Alguns estudiosos acreditam que essa carta possa ser parte de 1 Coríntios ou dos capítulos 10 a 13 de 2 Coríntios.

 

 A esperança de reencontro 

 

Paulo seguiu para Trôade, na Ásia, esperando encontrar Tito, que estava atrasado (Atos 20:1; 2 Coríntios 2:13). Mais tarde, Paulo finalmente encontrou Tito na Macedônia, onde recebeu notícias de algum sucesso em Corinto: a congregação havia disciplinado um transgressor (2 Coríntios 2:7-8; 7:5-16). No entanto, ainda havia problemas, como a diminuição da submissão à liderança de Paulo (2 Coríntios 10:1-13:10).

 

Diante disso, Paulo enviou uma quarta carta à igreja de Corinto, provavelmente a que conhecemos como 2 Coríntios, através de Tito. Nessa carta, Paulo encorajou a continuidade da coleta para Jerusalém e fez os preparativos para sua próxima visita (2 Coríntios 8:6-24; 13:1-10).

 

Terceira Visita (57 d.C.)

 

Paulo fez sua terceira e última visita a Corinto por volta de 57 d.C. Ele permaneceu na cidade por três meses, finalizando a coleta de ofertas para os cristãos necessitados em Jerusalém e trabalhando na reconciliação com a igreja (Atos 20:2-3; 2 Coríntios 2:14; 13:1). Durante essa visita, Priscila e Áquila retornaram a Roma, e Timóteo permaneceu com Paulo (Atos 20:4; Romanos 16:3,21). As igrejas da Acaia também contribuíram generosamente para a coleta destinada aos pobres de Jerusalém (Romanos 15:26).

 

 O final da jornada de Paulo em Corinto

 

Entre 57 e 61 d.C., Paulo levou a oferta para Jerusalém. Após esse período, ele foi preso em Cesareia e, posteriormente, em Roma (Atos 21:15-28:31). Em aproximadamente 61 d.C., Paulo foi libertado e voltou a pregar, continuando sua missão de espalhar o evangelho até os confins da terra.

 

A jornada de Paulo com a igreja em Corinto é um exemplo de liderança pastoral, correção amorosa e compromisso com a verdade do evangelho. Cada visita e carta refletia seu profundo amor pela igreja e seu desejo de vê-los crescer na fé e na unidade. Essa história serve como um lembrete da importância da liderança espiritual fiel e da necessidade de uma comunidade cristã comprometida com os ensinamentos de Cristo. 

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